Na crise, estúdios apostam em continuações como "Transformers" e "Era do Gelo 3"
A crise financeira mundial promete enraizar ainda mais o conceito de sequências de filmes em Hollywood. Numa época em que os estúdios procuram reduzir os orçamentos milionários das produções e os salários escandalosos dos astros, a estratégia de revisitar personagens que o público já conhece é vista como um negócio menos arriscado nas telas.
"Como os estúdios e os investidores estão mais cautelosos, é mais fácil conseguir dinheiro para uma franquia de sucesso, que já provou ter fôlego nas bilheterias", disse Carlos Saldanha, em Ushuaia, na Patagônia argentina. Ele é o diretor da animação "A Era do Gelo 3", uma das oito sequências (ou "prequels") desta atual temporada de blockbusters do verão americano.
Desde o mês passado já estrearam nos EUA e no Brasil "X-Men Origens: Wolverine", "Star Trek", "Uma Noite no Museu 2", "Anjos e Demônios", "Exterminador do Futuro: A Salvação" e o recém-chegado "Transformers: A Vingança dos Derrotados" - lançado mundialmente esta semana. E em julho chegam aos cinemas "A Era do Gelo 3", no dia 1°, e "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", no dia 15.
"Segundo uma antiga estatística de Hollywood, as continuações arrecadam em média pelo menos 2/3 da bilheteria do original. Isso ajuda um pouco na hora de financiar um projeto, principalmente agora, quando tudo o que se quer é proteger o investimento", contou em Los Angeles o diretor McG, que comandou o set da quarta aventura de "Exterminador do Futuro".
O novo capítulo da saga sobre a resistência humana contra a Skynet e seus exterminadores já soma renda mundial de mais de US$ 322 milhões. Em um mês de exibição, o valor já é superior a US$ 288,6 milhões, o que corresponderia a 2/3 do faturamento do título anterior, "O Exterminador do Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas", responsável por US$ 433 milhões com a venda de ingressos, em 2003. A regrinha também se aplica a "Uma Noite no Museu 2", que só precisa de cerca de US$ 30 milhões para passar dos US$ 383 milhões - o que já representaria 2/3 da bilheteria mundial do primeiro filme, de US$ 574,5 milhões.
São números como esses que motivam os estúdios a tocarem mais projetos de sequências, embora a crítica na maioria das vezes torça o nariz para esses filmes, vistos como subprodutos. Já estão em desenvolvimento novas empreitadas de heróis como Batman, Homem-Aranha, James Bond e Homem de Ferro, além das continuações "Piratas do Caribe 4", "O Procurado 2", "Dragon Ball 2", "Lua Nova" (segunda parte da saga iniciada em "Crespúsculo"), "Sex and the City", entre outras.
"Hoje em dia, os executivos dos estúdios já nos perguntam se temos ideias para sequências antes mesmo de saberem se o original vai dar certo", contou em Los Angeles Todd Phillips, diretor de "Se Beber, Não Case", outro título que também ganhará desdobramento nas telas. A comédia sobre despedida de solteiro em Las Vegas (lançamento agendado no Brasil para 21 de agosto) arrecadou em 20 dias mais de US$ 193,5 milhões nos EUA, na Austrália e em alguns países da Europa e Ásia.
Há mais revisitas no universo da animação. "Como nossas sequências não seguem a cartilha de simplesmente retomar a história do ponto onde o original parou, temos experiências onde a continuação consegue superar a renda do anterior", disse em Cannes o produtor da Pixar Animation Studios, Jonas Rivera, referindo-se à franquia "Toy Story". Com uma arrecadação de US$ 485 milhões, em 1999, a segunda aventura de Woody, Buzz Lightyear e a turma de bonecos bateu os US$ 362 milhões da primeira parte, lançada em 1995.
"A sequência tem de expandir o universo da primeira produção, a ponto de se tornar igualmente original." Rivera lembrou que "Toy Story 3" retrata o momento em que Andy, o dono dos brinquedos, os abandona definitivamente, ao ingressar na faculdade. O longa desembarca nos cinemas em 2010 e, no ano seguinte, a Pixar ainda lança "Carros 2".
Fonte: Uol
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